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Além de problemas com o espelho, a gordura abdominal provoca doenças


Pegue uma fita métrica e a envolva ao redor de sua cintura - mais exatamente na altura do umbigo. Ficou espantado com o resultado da medida? Então, saiba que uma barriguinha saliente não é apenas algo antiestético, ela também pode ser um sinal de que seu corpo está em perigo.

» Saiba mais sobre a pesquisa publicada no 'New England Journal of Medicine'
» Conheça os riscos da
"falsa magreza"

» Opine: o que fazer

A relação da gordura abdominal com problemas de saúde não é bem uma notícia nova. Mas um estudo recém-publicado na revista acadêmica New England Journal of Medicine e desenvolvido durante 10 anos com 360 mil pessoas, de nove países, pode ser a prova de que o tamanho da cintura seja mesmo até mais nocivo do que o IMC (o índice de massa corporal) reconhecido internacionalmente para avaliar o grau de obesidade.

Segundo um dos resultados do estudo, há um aumento do risco de morte cada vez que a medida da cintura se amplia em cinco centímetros. Ou seja, comparando duas pessoas com o mesmo IMC, cada cinco centímetros a mais de cintura aumenta em 17% as chances de morte em homens e em 13%, em mulheres. (Leia mais sobre a pesquisa no link acima).

Mas, afinal, qual a medida considerada perigosa?
A circunferência máxima para homens e mulheres é algo que ainda gera questionamentos no mundo médico. De forma geral, a maioria dos profissionais no Brasil estabelece como limites os 94cm para eles e 88cm para elas.

"As medidas servem para nortear um diagnóstico. Mas não dá para se basear somente nelas e achar que basta perder um centímetro do limite para estar saudável ou ganhá-lo e, assim, passar para o grupo de risco", esclarece o endocrinologista Marcio Mancini, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO).

O certo é que a cintura larga, de acordo com Márcio Mancini, é sim um indicativo claro de que algo não anda bem com a saúde. Por isso, o mais sensato é correr para um consultório para saber se as conseqüências da gordura visceral (aquela que se abriga entre os órgãos na região do abdome) já começaram a surtir efeitos no seu corpo.

Diferente da gordura subcutânea (aquela que se abriga sob a pele e é responsável, entre outros danos, pelo surgimento das dobrinhas, culote e celulite), a gordura visceral produz substâncias que agem contra importantes reguladores do funcionamento do organismo e que podem desencadear doenças.

O acúmulo de gordura na cintura pode afetar, por exemplo, a ação da insulina - e isso é o que explica a crescente taxa de diabetes tipo 2 na população obesa. Aliás, esse e outros desequilíbrios provocados tendem a desencadear o que os médicos chamam de síndrome metabólica.

"O critério para definição da síndrome é a presença de duas ou mais das seguintes alterações: aumento de triglicérides, elevação da pressão arterial, nível de HDL (colesterol bom) baixo e aumento da taxa de glicemia (os níveis de açúcar no sangue)", define a endocrinologista Ana Paula Teni Ragonlia. E, segundo a especialista, o conjunto desses diagnósticos - além da própria gordura que promove o entupimento dos vasos sanguíneos - aumenta drasticamente a probabilidade de doenças cardiovasculares, como o enfarte.

Cinturinha de pilão
A cartilha de qualidade de vida está disponível a todos e só não a segue quem ainda prefere ignorar os efeitos de uma rotina sedentária. O fato é que, se você relaxou e agora só enxerga a famosa "barriga de cerveja" (no caso dos homens) ou aquele corpo em formato de maçã (nas mulheres) tem que arregaçar as mangas e partir para a ação.

"Mudanças nos hábitos alimentares e a prática de atividades físicas são essenciais. E, se a pessoa não demorou muito para decidir combater a gordura abdominal, o quadro de diabetes, por exemplo, pode ser revertido", explica Márcio Mancini, presidente da ABESO. Por outro lado, o especialista afirma que a situação do coração e dos vasos sangüíneos prejudicados pelo impacto da gordura dificilmente voltam ao normal. Nesse caso, um médico precisa avaliar a situação.

Por isso, além de tratamento para quem já tem a barriga saliente, vale a máxima de que é "melhor prevenir do que remediar". Nesse ponto, se encaixa a necessidade de costumes saudáveis desde a infância. "A obesidade infantil atinge de 12 a 15% das crianças no Brasil", alerta o gastroenterologista José Carlos Pareja. E, segundo ele, a partir dos 12 anos se torna cada fez mais difícil combater os quilinhos a mais - e, consequentemente, a gordura abdominal.

Você precisa de mais estímulos para manter um abdome "sequinho"? Então, leia a constatação de Pareja: "Não existem idosos com mais de 100 anos que sejam gordos. As pessoas que atingiram a longevidade, normalmente, mantinham atividades físicas regulares muito acima da média mundial."
Redação Terra
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